Introdução
Com a crescente complexidade dos produtos digitais e a predominância de metodologias ágeis, entender como profissionais de UX aprendem, escolhem e aplicam métodos de design se tornou essencial para o sucesso de produtos centrados no usuário. O estudo “UX professionals’ learning and usage of UX methods in agile” (Cajander et al., 2022) oferece uma análise aprofundada sobre práticas de aprendizagem contínua, escolhas metodológicas e desafios enfrentados por profissionais de UX no contexto ágil.
Neste post, exploramos os principais achados da pesquisa e suas implicações práticas para líderes de produto, designers, desenvolvedores e gestores de equipes ágeis.
Os Quatro Pilares da Aprendizagem Contínua em UX
O estudo identificou quatro formas principais de aprendizagem entre profissionais de UX que atuam em ambientes ágeis:
- Aprendizado com colegas: A troca de experiências com membros da equipe é a fonte mais comum de aprendizado. Ferramentas como Slack, Notion e Microsoft Teams são amplamente utilizadas para compartilhar conhecimento.
- Mentores e especialistas externos: Redes sociais, blogs e plataformas como Medium, Nielsen Norman Group e IDEO Toolkit são fontes relevantes de atualização sobre métodos e tendências.
- Aprendizado formal: Empresas que oferecem palestras, workshops e conferências promovem ambientes de desenvolvimento profissional mais robustos.
- Learning by doing: Muitos profissionais praticam métodos novos em seus tempos livres ou adaptam métodos aprendidos para contextos pessoais.
📌 Insight importante: Empresas que incentivam uma cultura de aprendizado colaborativo têm profissionais mais engajados e atualizados com as melhores práticas de UX.
Critérios para Escolha de Métodos de UX em Times Ágeis
Na hora de escolher quais métodos aplicar, os profissionais consideram diversos fatores além da eficácia técnica:
- Compatibilidade com o Scrum/Kanban: Métodos precisam ser iterativos, rápidos e adaptáveis aos sprints.
- Facilidade de uso (Effort Expectancy): Métodos muito complexos ou abstratos tendem a ser evitados.
- Eficiência (Performance & Cost Expectancy): Métodos precisam gerar resultados rápidos e ser viáveis dentro dos custos e tempo disponíveis.
- Influência social e organizacional: Ferramentas que permitem colaboração e estão dentro das políticas da empresa são preferidas.
- Acesso a usuários: A limitação de acesso a usuários reais frequentemente força a adoção de abordagens centradas no cliente e não no usuário final.
Métodos de UX Mais Utilizados em Contextos Ágeis
Os profissionais entrevistados mencionaram quatro métodos principais usados com maior frequência:
- Prototipagem (Low e High Fidelity): Usada para testar funcionalidades rapidamente. Destaque para abordagens criativas como Dark Horse e Science-Fiction Prototyping.
- Testes com usuários: Altamente valorizados pelos clientes, mas difíceis de realizar sem acesso facilitado aos usuários.
- Mapeamento de jornada do usuário: Auxilia na definição de personas, requisitos e user stories.
- Workshops colaborativos: Realizados em diferentes fases do projeto, especialmente desafiadores no modelo remoto.
Principais Barreiras para o Uso de Métodos de UX
- Falta de tempo: É o obstáculo mais citado para aplicar ou aprender novos métodos.
- Dificuldade de acesso a usuários reais: Limita a aplicação de testes e validações reais.
- Complexidade dos métodos: Métodos muito teóricos ou acadêmicos são pouco usados.
- Falta de valorização da área de UX: Muitos profissionais precisam convencer stakeholders da importância do seu trabalho.
- Licenciamento e ferramentas: A escolha de métodos está diretamente ligada às ferramentas disponíveis.
Implicações Práticas e Recomendações
Para líderes de produto e gestores:
- Facilite o acesso a usuários reais de forma estruturada (ex: sessões semanais agendadas para testes).
- Crie uma cultura de aprendizado contínuo, com espaço para trocas internas e mentorias.
- Ofereça ferramentas colaborativas e acessíveis que se alinhem com a prática dos métodos.
- Inclua UX desde o Sprint-0 e garanta sua integração em todo o ciclo de desenvolvimento.
Para profissionais de UX:
- Explore prototipagens criativas como Science-Fiction Prototyping para gerar inovação.
- Adapte métodos ao contexto ágil, mesmo que isso signifique criar versões mais “leves” e iterativas.
- Documente aprendizados em ferramentas como Notion e compartilhe com a equipe.
Conclusão: UX Ágil e Aprendizado Contínuo São Indissociáveis
O estudo reforça que a prática de UX em ambientes ágeis exige flexibilidade, colaboração e aprendizado contínuo. Investir na criação de métodos mais simples, acessíveis e colaborativos — além de fomentar uma cultura organizacional que valorize UX — é essencial para o sucesso de projetos digitais centrados no usuário.
🔗 Acesse aqui o artigo original: UX professionals’ learning and usage of UX methods in agile